Goldman Sachs suspende bônus a executivos
 
por Gazeta Mercantil

18/11/2008

Medida deve aliviar pressão política sobre instituição e reduzir efeitos adversos que devem surgir com iminente divulgação de resultados


Em um momento no qual fecha-se cada vez mais o cerco sobre os pagamentos em Wall Street, um banco já decidiu qual será o valor dos bônus deste ano para os seus sete principais executivos: zero. Os mais altos executivos do Goldman Sachs enviaram no último domingo um pedido endereçado à diretoria do banco no qual abrem mão do pagamento de seus bônus referentes a 2008. A diretoria, segundo um porta-voz da companhia, concordou com a proposta.

Esta decisão deve exercer forte pressão sobre os concorrentes do Goldman Sachs para que tomem ações similares dentro das próximas semanas, quando serão definidas as cifras dos bônus de fim de ano.

A medida deve aliviar as pressões políticas sobre o Goldman Sachs, assim como reduzir os efeitos adversos que possivelmente virão à tona com a divulgação, esperada para dezembro, dos ganhos referentes ao último trimestre do ano que, acredita-se, serão sombrios. Talvez sejam, até mesmo, registradas as primeiras perdas do banco com a crise de crédito que afeta os mercados.No momento, as maiores instituições bancárias dos Estados Unidos vêem-se forçadas a apertar o cinto devido às dívidas hipotecárias e à queda no valor das ações.

Autoridades públicas como Andrew M. Cuomo, procurador geral de Nova York, e Henry A. Waxman, deputado democrata pelo estado da Califórnia, têm advertido os bancos para que o dinheiro dos contribuintes não seja usado no pagamento de bônus aos seus executivos. Alguns lobistas e grupos de interesse do setor procuraram alertar os executivos do sistema bancário que pagamentos volumosos este ano devem repercutir negativamente. Tanto Waxman quanto Cuomo pediram aos principais bancos norte-americanos informações detalhadas sobre quanto pretendem pagar este ano aos seus executivos e como o valores de bônus foram calculados em anos anteriores.

Há uma crença generalizada de que os bônus concedidos por Wall Street nos últimos anos contribuíram para motivar o comportamento de risco que foi responsável por grandes perdas com a securitização de dívidas exóticas e ajudaram a criar a crise atual. Em um comunicado divulgado no domingo, Cuomo defendeu que "este gesto do Goldman Sachs é apropriado e prudente e, espera-se, ajudará a trazer Wall Street de volta aos trilhos. Nós encorajamos fortemente os outros bancos a seguirem o passo do Goldman Sachs."

O Morgan Stanley e outros bancos ainda estão definindo o valor dos bônus de seus maiores executivos. John J. Mack, CEO do Morgan Stanley, não retirou nenhum bônus no ano passado. O banco, que informou perdas no quarto trimestre de 2007, mas têm registrado lucros desde então, não comentou o assunto no domingo. O Morgan Stanley registrou resultados para o terceiro trimestre melhores do que o Goldman Sachs.

Em setembro, o Goldman Sachs e o Morgan Stanley converteram-se em holdings bancárias que recebem depósitos, assumem menos riscos e estão sujeitas a uma supervisão mais rigorosa por parte do governo. Esta nova estrutura pode limitar a sua capacidade de gerar grandes lucros uma vez que estão impedidas de usar tanto dinheiro de empréstimos para fazer grandes apostas de investimento.

Nos últimos anos, o Goldman Sachs registrou alguns dos maiores lucros e pagamentos de bônus na história de Wall Street. O CEO da companhia, Lloyd C. Blankfein, recebeu no ano passado um total de US$ 68,5 milhões, que inclui salário mais bônus. O Goldman Sachs pagou no último ano US$ 67,5 milhões para cada um dos seus dois co-presidentes, Gary D. Cohn e Jon Winkelried, isto é mais do recebeu a maior parte dos CEOs. Nenhum dos três receberá bônus este ano.

Outros executivos do Goldman que abdicaram de seus bônus foram David A. Viniar, diretor financeiro, J. Michael Evans, vice-chairman, Michael S. Sherwood e John S. Weinberg.